SUB-20: Dispensado, garoto reclama que o São Carlos não valoriza atletas locais

Destaque no Paulistinha, dispensado no São Carlos; Wellington espera por mais oportunidades no mundo da bola (Foto: Arquivo pessoal)

Escrito por Saulo Marino e Gustavo Curvelo

Sem clube desde que defendeu o Paulistinha Sub-17 em 2013, na brilhante participação da equipe no Campeonato Paulista da categoria, o jogador Wellington Andrade, 18 anos, reclama da falta de oportunidades no São Carlos Futebol Clube.

Desde que a parceira São Carlos FC/Paulistinha foi anunciada, no início de fevereiro deste ano, a Águia tornou-se o único representante são-carlense nas categorias Sub-15, Sub-17 e Sub-20. Na época, a promessa era de valorizar os garotos da cidade, dando continuidade ao trabalho desenvolvido pelo CAP.

“Fiquei surpreso com o que aconteceu, pois mostramos o potencial do atleta são-carlense e não tivemos retorno. Eu mesmo tive uma rápida passagem pelo São Carlos Sub-20, mas o clube optou por trazer reforços de fora da cidade, e nós, são-carlenses, não tivemos mais chances”, reclama o garoto, que apesar da dispensa revela não sentir mágoas da diretoria ou comissão técnica da Águia.

“Eu ainda quero uma chance na cidade, mas também aceitaria sair se algum clube de fora quiser me contratar, até porque o meu sonho é ser jogador de futebol, e sei que às vezes é necessário passar por sacrifícios para realizá-lo, abrindo mão de muitas coisas e até mesmo de estar próximo da família”, afirma Wellington.

Autoestima elevada no CAP

Na campanha do Paulistinha no Campeonato Paulista Sub-17, Wellington ocupou a condição de titular absoluto, variando seu posicionamento entre lateral-esquerdo, zagueiro e volante. O time foi eliminado nas oitavas de final, num campeonato que tinha 79 participantes.

“Foi minha melhor experiência no futebol até hoje. No começo eu achava que não ia dar tão certo, pois tinha dúvidas sobre mim e também sobre o time. Mas o tempo foi passando, o pessoal entrosando e formamos uma verdadeira família, o que foi o diferencial para a campanha que fizemos”.

“O elenco era praticamente todo de São Carlos, chegamos desacreditados, com o pessoal de fora criticando o professor [André Bernal, o Dedé], por achar que o Paulistinha ia só cumprir tabela, mas depois nos superamos, fizemos uma bela campanha e mostramos que São Carlos tem capacidade de formar um time só por atletas da cidade. Basta ter empenho e dedicação”, comenta o garoto, que assim como muitos da sua idade busca jogar o Campeonato Brasileiro, e depois defender um clube europeu.

Enquanto a oportunidade não vem, Wellington segue sua vida normalmente no interior paulista. Participou nesta semana das peneiras no próprio São Carlos, e aguarda resposta. No mais, trabalha de segunda a sexta, e nos finais de semana ronda os campinhos da cidade, sempre em busca de realizar seu sonho.

A culpa é de quem?

Para Rodrigo Ramos, supervisor de futebol do São Carlos, a falta de políticas públicas é reflexo da baixa procura dos jogadores da cidade pelo clube. “Não temos preferência se o atleta é da cidade o não, mas é claro que se conseguíssemos todos de São Carlos seria ideal”, resume.

Segundo Rodrigo, muitos atletas que defenderam o Paulistinha no ano passado estão sendo utilizados no Sub-17 e Sub-20 do São Carlos. “No começo dos trabalhos os garotos foram avaliados e alguns dispensados. Não me recordo desse atleta, mas ele procurou outro clube? Se for um bom jogador, com certeza irá ser aproveitado por outro time; existem muitos casos de garotos assim, que hoje estão no Velo, na Ferroviária, etc. O São Carlos vai errar bastante em dispensas na base, mas vai acertar também. Os resultados mostram que até agora estamos acertando mais do que errando”, completa o dirigente.

O São Carlos está invicto tanto no Campeonato Paulista Sub-20 como no Sub-17. Na categoria mais velha, jogou cinco vezes e ganhou todas. No 17, são cinco vitórias e três empates. Em ambas as categorias a Águia esta na ponta da tabela.

Já no Sub-15, o time conquistou apenas cinco pontos em oito jogos. As competições de base estão paralisadas, e só voltam a ser disputadas após a Copa do Mundo.