Para João Victor, "apoiar a Seleção dentro de campo não é compactuar com os erros do Governo e da FIFA na organização do Mundial" (Foto: Flickr/Sesi) |
Escrito por João Victor
Gonçalves*
São Carlos serve como reflexo do
país às vésperas da Copa do Mundo. Apesar da empolgação na mídia, em campanhas
publicitárias e nos veículos de informação oficiais, a população já vê o evento
como um fiasco. O déficit estrutural que cerca as cidades-sede faz com que a
expectativa tradicional de um bom desempenho da Seleção seja posta de lado, ao
menos nesta edição do Mundial.
Não é segredo para ninguém os
problemas de corrupção, desvio e mal uso de dinheiro público na organização da Copa
do Mundo. Porém, a quantidade de oportunistas que aproveitam o momento para
pregar um sentimento de “anti-patriotismo”, como se a torcida contra a Seleção
Nacional fosse uma maneira de “compensar” tudo o que ocorreu até aqui em termos
operacionais e políticos, é assustadora.
Não quero ser ufanista, mas
apoiar a Seleção dentro de campo não é, de maneira alguma, compactuar com os
erros do Governo e da FIFA na organização do Mundial. Dessa forma, fico triste
ao ver certo receio, ou, porque não dizer, vergonha de cidadãos brasileiros em
apoiar a equipe nacional. Nas edições longe do Brasil, a torcida pela
“Canarinho” era evidente, o que também se refletia nas vendas do comércio, na
empolgação das pessoas, seja com a ostentação de uma camisa da seleção ou o
simples ato de desfraldar a bandeira na janela de casa.
Mais do que cornetas, chapéus,
bandeiras e buzinas acumuladas nas lojas, podemos ver deixada de lado a
essência de ser brasileiro nesta Copa do Mundo. Engana-se quem pensa que um
fracasso esportivo da Seleção resultará numa mudança eleitoral a nível
presidencial nas próximas eleições. A estas pessoas, ainda falta a percepção de
que a formação ética e cultural da população não depende do resultado de um
simples, mas fascinante e inigualável “jogo de bola”.
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