Estádio Luisão recebeu jogos importantes, mas público foi péssimo na temporada 2013 (Foto: Assessoria de Imprensa/São Carlos FC) |
Escrito por João Victor
Gonçalves*
O tema desta edição da coluna não
se restringirá somente às quatro linhas. Pelo contrário: abrangerá toda a
estrutura física disponível na cidade de São Carlos para a prática do futebol,
com o foco das atenções voltado para o abandonado Estádio Municipal Prof. Luís
Augusto de Oliveira.
Não é de hoje que os problemas
estruturais do Luisão são uma constante. Qualquer torcedor que for ao principal
recinto futebolístico de nossa cidade verificará condições como: arquibancadas
sem pintura, com visíveis rachaduras e infiltrações; "cadeiras"
(feitas de cimento, um detalhe peculiar em estádios de futebol) soltas,
rachadas, quebradas e com acumulo de sujeira; problemas evidentes nas telhas
que recobrem a atividade coberta, sendo que a região inferior a estas se tornou
lar das pombas (famosas habitantes do estádio); cabines de imprensa
ultrapassadas e deterioradas, que já foram motivos de vergonha para o município
em competições como a Copa SP de Futebol Júnior.
Apesar das condições de
deterioração presentes no Luisão, é utópico, no presente momento, falar na
demolição do estádio e construção de um novo no estilo “Arena” na cidade de São
Carlos. O aporte financeiro para um evento destes seria um duro golpe aos
cofres públicos e, momentaneamente, não há uma equipe local com condições de
usar e manter um patrimônio destes (um bom exemplo é a Arena da Fonte Luminosa
na vizinha Araraquara que, especialmente para a Ferroviária S/A, não trouxe
grandes benefícios em relação a resultados; pelo contrário, tornou-se uma
despesa-extra para o poder público municipal, tendo suas atividades de grande
público restritas a eventos “de aluguel”, a exemplo do que ocorre com o Ginásio
Municipal Milton Olaio Filho).
Porém, o fato de um estádio novo
não ser construído não justifica o abandono visto no antigo Luisão, que teve
sua última “reforma” realizada em 2005, sendo que, a nível estrutural, as
últimas mudanças foram feitas durante a administração do falecido Vadinho de
Guzzi, quando o Grêmio Esportivo Sãocarlense viveu seus áureos momentos de
glória na 1ª Divisão Paulista. Também é injustificável a demora do Poder
Público para utilizar as verbas repassadas pelos deputados Lobbe Neto e
Tiririca na ampliação e reforma das arquibancadas do Luisão. A meu ver, uma
ampliação é inútil pelas últimas médias de público verificadas nas partidas de
São Carlos e Paulistinha; porém, necessária, já que atenderá à ridícula
exigência da FPF de estádios com, no mínimo, 15 mil lugares para a disputa da
Série A2 (divisão em que esperamos ver o São Carlos FC em breve).
Com uma não tão significativa
contrapartida da Prefeitura Municipal de São Carlos, melhorias poderiam ser
realizadas no estádio municipal, que vão desde a pintura até a reforma da
arquibancada coberta. Com um pouco mais de verba (e vontade política), a
arquibancada coberta poderia ser ampliada, as cabines de imprensa poderiam ser
reconstruídas, cadeiras poderiam ser instaladas em outros setores do estádio e,
por que não, um bonito placar eletrônico engalanaria o estádio da tão apregoada
“Capital da Tecnologia”. Para resolver o problema do estacionamento, vejo como
solução simples o aluguel da área na Avenida Grécia em que é realizado o
tradicional “Feirão” aos domingos, com mobilização da Guarda Municipal para o
zelo dos veículos dos torcedores, que poderiam fazer o pequeno trajeto deste
local até o estádio a pé, sem maiores complicações. Isso evitaria a demolição
da bonita praça localizada em frente ao estádio para a demarcação de simples vagas
de estacionamento.
O título desta coluna, embora
represente uma crítica velada às promessas de mudança na cidade (incluindo a
reforma do Estádio Luisão) prometidas pelo atual prefeito, Paulo Roberto
Altomani, não pode ser encarado como uma crítica exclusiva à atual
administração: boa parte do estado de abandono que verificamos no Luisão e na
maioria dos outros estádios da cidade (utilizados para a prática do futebol
amador) pode ser colocada na conta dos 12 anos de administração do PT, que, “diga-se
de passagem” (como diria o “Craque” Neto), destruiu o tradicional Estádio Rui
Barbosa e a cancha de malha da Vila Prado, para a construção de uma pista de
caminhada (que poderia ser remanejada ao redor do gramado do saudoso Rui
Barbosa) e de uma “pseudo” estação rodoviária (também conhecida como “ponto de
ônibus tamanho plus”).
A atual administração já deu
exemplos de que deverá olhar para o esporte local com outros olhos,
principalmente pela recuperação de algumas instalações esportivas para a
realização dos Jogos Regionais, cujo exemplo máximo foi a revitalização das
quadras da CICA. Porém, o estádio municipal foi esquecido deste processo, com a
deterioração do gramado por uma inadmissível falta d’água (!). A expectativa é
de que, com a mudança do comando da pasta após a saída de Zezão Favoretto, haja
empenho por parte do novo secretário na reforma do Luisão. Reforma esta que já
possui uma verba federal destinada a ela, não afetando o orçamento municipal (o
que evita argumentos infundados como: “A Prefeitura não deve tirar dinheiro da
Saúde e da Educação para a reforma de campo de futebol”, já que isso não
ocorrerá) e que certamente resultará numa imagem positiva da cidade de São
Carlos transmitida a todo o Brasil na próxima Copa São Paulo de Futebol Jr.
(competição da qual a cidade pleiteia ser sede) e nos futuros campeonatos
profissionais que São Carlos FC e CA Paulistinha disputarão.
*João Victor Gonçalves é blogueiro do Globo Esporte (Futebol na Oceania), estudante de Medicina, tem 18 anos e é torcedor de São Carlos FC e Paulistinha. Sempre presente nas históricas arquibancadas do Luisão.
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