Rafael Mineiro é assediado pela mídia televisiva após o histórico confronto contra o Olímpia (Foto: Saulo Marino/Futebol de São Carlos) |
Escrito por João Victor
Gonçalves*
Qualquer análise
racional do confronto entre Paulistinha e Olímpia corre o risco de representar
de maneira incompleta o que foi esta partida. Certamente, a mais emocionante da
história do Tio Patinhas no profissionalismo. Um jogo épico, que dificilmente sairá
da memória dos poucos torcedores que foram apoiar o “caçula” do futebol
são-carlense em sua jornada recordista na Segunda Divisão do Campeonato
Paulista.
Logo no primeiro ataque
do Galo Azul, uma desatenção do sistema defensivo local resultou na abertura de
placar para os olimpienses por Uélisson Santana. Daí em diante, o nervosismo
que se abateu sobre os jogadores tricolores, especialmente sobre o bom
centro-avante Robinho, indicava que uma triste eliminação seria presenciada por
todos no Estádio Luisão. A cada gol perdido, a cada chance desperdiçada, a
apreensão do pequeno público ficava evidente. Com isso, a desvantagem permaneceu
até o intervalo.
O empate obtido pelo Paulitinha
no início da segunda etapa, com a cabeçada certeira de Lucas Cezane, mostrou
que a equipe do Olímpia não fazia por merecer o temor apregoado por sua
tradicional trajetória no futebol paulista. Limitado tecnicamente, o plantel
comandado por Válter Ferreira não se mostrou à altura do investimento realizado
pelos mandatários do clube, deixando o domínio da partida nas mãos, ou melhor,
nos pés do Paulistinha.
Aos 28 minutos, o
prêmio para o CAP: Rubens Tuco, cérebro da equipe durante toda a campanha na
Segundona, deixou o sonho da classificação mais perto do time de São Carlos. Porém,
12 minutos depois, em um cobrança de
escanteio - o ponto fraco do Pulistinha - o Olímpia chegou ao empate no
gol-contra que foi creditado para Rafael Mineiro. A falha mostrava-se como mais
uma imperdoável cometida pelos são-carlenses, a exemplo dos empates cedidos no
primeiro turno no jogo contra o Assisense e contra o próprio Olímpia, e o gol
sofrido no último minuto na distante Assis, na partida que culminou na única
derrota do Tio Patinhas nesta terceira fase.
O conformismo já era
visível nas faces dos torcedores são-carlenses, os erros pareciam imperdoáveis
num campeonato tão equilibrado. Porém, a exemplo do que foi citado pelo técnico
Gilmar Rodrigues após a partida, Deus resolveu dar mais uma chance para o Tricolor
de São Carlos. Colocar a responsabilidade da vitória do CAP em mãos divinas não
é nada absurdo para quem presenciou os minutos finais deste confronto nas
arquibancadas, quase crente de que assistiria a mais uma eliminação de uma
equipe da Cidade do Clima na temporada.
49 minutos do segundo tempo:
bola alçada na área após falta em Luizão. Era o último suspiro do time,
torcedores e comissão técnica. Luizão, artilheiro do CAP, apresentava febre de
39° antes da partida e sua presença em campo era dúvida. Entrou na metade da
etapa complementar e, se não fez uma atuação primorosa, deu um exemplo de raça
e superação, lutando por cada bola, justificando em cada gota de suor a
confiança depositada pelo técnico Gilmar Rodrigues. O instante de
expectativa... a bola no fundo das redes no gol das antigas arquibancadas “Fafá
de Belém” após o toque redentor de Rafael Mineiro. O improvável aconteceu. O
destino jogou junto com o Paulistinha. A cidade de São Carlos está na Fase
Final do Campeonato Paulista da Segunda Divisão.
Os desafios que se
impõem ao Tio Patinhas nesta fase para conquistar o acesso não são maiores dos
que os superados ao longo de todo o campeonato. A equipe desacreditada, tida
como mera coadjuvante e provável saco de pancadas da Segundona, chega à fase
decisiva ao lado da milionária Matonense, do estruturado Atibaia e do aguerrido
Tupã. Nesse sábado (21), a equipe vai até o Estádio Salvador Russani, em
Atibaia, para enfrentar o quadro local às 15h, em mais uma batalha rumo à Série
A3. Série A3, palavra quase que proibida há alguns meses no Recanto do Tio
Patinhas, dadas as supostas “limitações” da equipe.
Apesar de sua jornada
heroica, o time ainda apresenta alguns erros que podem ser corrigidos nesta fase
final, como o congestionamento no setor de meio-campo nos jogos em casa e as
dificuldades de posicionamento defensivo nas jogadas aéreas. Com atenção e a
mesma raça vista nos próximos encontros e, por que não, a ajuda divina, as “limitações”
serão riscadas do vocabulário do Paulistinha rumo ao acesso, naquele que pode
ser o grande momento esportivo da cidade em 2013. Aguardemos confiantes!
*João Victor Gonçalves é blogueiro do Globo Esporte (Futebol na Oceania), estudante de Medicina, tem 18 anos e é torcedor de São Carlos FC e Paulistinha. Sempre presente nas históricas arquibancadas do Luisão.
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