quinta-feira, 31 de julho de 2014

JOÃO VICTOR: Comandantes, professores, retranqueiros

Itamar Schülle em ação; treinador do Novo Hamburgo passou pelo São Carlos em 2006 (Divulgação/ECNH)
Escrito por João Victor Gonçalves*

Desfrutando do futebol na noite de quarta-feira, pude acompanhar a classificação do Novo Hamburgo para as oitavas de final da Copa do Brasil após uma emocionante vitória sobre o ABC de Natal. Entre a euforia de parte da torcida, que invadiu o campo, vi um careca conhecido da torcida são-carlense: Itamar Schülle, treinador que está à frente do “Nóia” (curioso apelido do time gaúcho). Parece que foi ontem, mas já faz oito anos que o comandante esteve à frente do São Carlos FC, indo embora com o rótulo de retranqueiro.
Retranqueiro. Talvez ninguém tenha justificado tanto este apelido entre os comandantes do São Carlos FC como Felício Cunha. Com o rótulo de Campeão do Mato Grosso do Sul, o treinador chegou em São Carlos e trouxe alguns atletas de sua confiança em sua primeira passagem, no ano de 2009. Voltou em 2011 e, após um início fatídico na Série A2 de 2012, foi mandado embora com uma taxa de rejeição poucas vezes vista na Cidade do Clima.
Campeões regionais também fizeram parte da curta, mas rica história da Águia. Na memória dos aficionados, o estrago feito pelo trabalho iniciado pelo Campeão Indígena Roberto Oliveira e seus homens de confiança foi o pontapé inicial para o rebaixamento do clube à quarta e última divisão paulista. “Homens de confiança” que também estiveram presentes em outras trágicas ocasiões, como a vinda de Doriva Bueno e seu fiel escudeiro Shizo, jogador de maior destaque na filial do XV de Jaú montada em São Carlos para a disputa da Série A3 de 2007.
Interinos também tiveram seus momentos de destaque no banco de reservas do Luisão. O mais clássico deles, Cilinho. Por seu trabalho à frente dos Juniores ou suas breves passagens pelo time profissional, os gritos de “Mexe no time, Cilinho” ou “Cilinho retranqueiro, põe mais um atacante” eram constantes e quase folclóricos nas arquibancadas do nosso estádio durante os primeiros anos do Sanca. Posteriormente, Guilherme Dalla Dea merece ser lembrado. Este último encheu a cidade de orgulho ao conquistar nosso último resultado positivo no derby regional contra a Ferroviária S/A: 3-2 em pleno Governador Adhemar de Barros (sim, leitor, este é o nome oficial da famosa Fonte Luminosa ou, para os moderninhos, Arena da Fonte). Recentemente, o ex-interino e bom moço Rodrigo Santana entrou para os anais do futebol são-carlense como um dos responsáveis pelo fiasco na A3 2014.
O São Carlos FC também contou com salvadores no banco de reservas: além do primeiro treinador Nei Silva, campeão em 2005, que voltou em 2008 para evitar a queda à Segunda Divisão e quase conquistou o acesso à A2, merecem destaque Geime Rotta e Edmilson de Jesus: o primeiro obteve sucesso na manutenção da equipe na divisão de acesso do futebol paulista em 2012; já o segundo, após evitar a queda à Segunda Divisão em 2010, quase repetiu o sucesso com a equipe já na Série A2 em 2013.
Podemos fechar nossa revisão histórica dos treinadores da Águia com os que tiveram passagem relâmpago: Sérgio Guedes, Marco Antônio Machado, João Martins (sim, em 2006 Martins sequer chegou a comandar a equipe em uma partida profissional; voltaria cinco anos depois, como solução emergencial para uma edição da A3 tida como perdida, sendo o “Marechal da Vitoria” – Paulo Machado de Carvalho que me perdoe, lá do céu, pelo uso de sua famosa antonomásia – na conquista do acesso à A2), João Carlos Serrão... estão na história, mas talvez não na memória (exceção feita, claro, a João Martins) de quem frequenta o Luís Augusto de Oliveira, nosso Estádio do Luisão.
Além de despertar certo saudosismo, as recordações dos amigos que, como eu, frequentam regularmente os jogos da Águia, a coluna de hoje quer relembra os treinadores do São Carlos FC, e deixar no ar as perguntas que todo amante do clube faz: quem será nosso comandante na dura disputa da Segunda Divisão do Futebol Paulista (que na verdade é a quarta divisão) em 2015? Quem nos tirará do fundo do poço e buscará devolver a dignidade à cidade de São Carlos no cenário esportivo paulista? Seria Gilmar Rodrigues o próximo nome folclórico a assumir o banco do único representante da cidade no futebol profissional? Aguardemos.

*João Victor Gonçalves é blogueiro do Globo Esporte, estudante de Medicina, tem 19 anos e é  torcedor de São Carlos FC e Paulistinha, além do extinto Grêmio. Sempre presente nas históricas arquibancadas do Luisão!

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