terça-feira, 18 de março de 2014

OPINIÃO: "Grêmio, Grêmio, Grêmio..."

Escudo do Grêmio Sãocarlense, única equipe da Cidade do Clima que chegou na elite paulista (Foto: Gustavo Curvelo)
Escrito por João Victor Gonçalves*

Coca, Manduca, Norival, Zé Hélio, Alemão, Donizeti, Maranhão, Dilo, Jabu, César e Nogueira. Esses onze nomes entraram para a história do futebol de São Carlos quando, no dia 19 de março de 1976, entraram em campo para o primeiro jogo da história do Grêmio Esportivo Sãocarlense. Neste espaço, hoje, terei como missão a tarefa de relembrar os momentos de glória, luta, entrega, triunfos, dificuldades e reveses do eterno Lobo da Central, clube que se consolidou como o maior expoente do futebol local e uma das instituições mais respeitadas do interior do estado de São Paulo.
Desde o início de sua trajetória, o Grêmio provou seu verdadeiro caráter popular. Contando com a ajuda de fiéis colaboradores, manteve suas atividades de modo ininterrupto por 28 anos, disputando campeonatos profissionais da Federação Paulista e Confederação Brasileira de Futebol. Porém, mais do que a manutenção das atividades, a grande evidência do carinho que a torcida tinha com a equipe eram os públicos recordistas a cada tarde de futebol no Luisão. Públicos que renderiam à fama de caldeirão ao estádio e recordes de renda entre as agremiações interioranas.
Os números provam o carinho do povo com o Grêmio: algo impensável para os padrões de segurança atuais, mais de 23 mil pessoas lotaram o modesto Luisão em 24 de Junho de 1979 para ver o duelo amistoso entre Sãocarlense e Corinthians; 11 anos mais tarde, quase 15 mil pessoas viram os gols de Manguinha, que garantiram uma histórica vitória ao Lobão e a quebra de uma invencibilidade de 34 jogos da equipe de Parque São Jorge. Em 1992, mais de 13 mil pessoas viram o Grêmio perder ante o futuro campeão mundial São Paulo pelo Paulistão.
Além dos dados estatísticos, frios, as lembranças, vivas no olhar e na fala de cada torcedor gremista, mostram que o sentimento de identidade e admiração para com o Grêmio é eterno. Qual frequentador do Luisão com mais de 30 anos não se lembra da irritação de Neto ao ser marcado pelo incansável Pinheirense nos confrontos entre Sãocarlense e Corinthians? Ou, do histórico gol de Roberto Biônico contra o União Barbarense, que garantiu o título da 2ª Divisão de 1989? Célebre partida também foi a vivenciada por torcedores gremistas na cidade de Taquaritinga, em uma das mais marcantes da trajetória do CAT no futebol interiorano, em meados dos anos 80.
Na ponta da língua de cada gremista, nomes históricos que honraram a camisa tricolor: Jabu, Élvio, Silvano, Carlos Roberto, Paulo Leme, Manguinha, Zeti, Ditão, Braulio, Narezzi, Ivan, Édson Abobrão, Antonioni, Toninho Paraná, Marco Antonio, Carlos Alberto Borges, Serginho Brasília, Darcy, Pinheirense, Heraldo, China e tantos outros jogadores que, pelo limite de espaço e pelas falhas da memória, não serão citados individualmente neste breve texto.
Fora das quatro linhas, na direção técnica da equipe, vários comandantes merecem destaque por seus feitos à frente do quadro tricolor: Chico Ponzio, Orlando Bianchini, Pinho, Varlei de Carvalho, Vágner Benazzi (líder do histórico Grêmio campeão estadual de 1989), Geninho, Tonho, Zé Duarte, Darcy, Luís Pereira, Hélio dos Anjos, entre outros. Sejam pelas glórias dos acessos ou pelo alívio das manutenções, estes profissionais não podem ser esquecidos.
Também merecem destaque os históricos adversários do Grêmio dentro das quatro linhas. Desde sua origem, o saudoso Estrela da Bela Vista colocou-se como o primeiro e único rival municipal do GES em sua história, protagonizando ótimos duelos nos anos 70 e 80. A relativa proximidade geográfica também fez com que adversários regionais se tornassem rivais clássicos do clube sãocarlense: XV de Jaú, Velo Clube, Pirassununguense, Independente, Internacional, Comercial, Taquaritinga, Barretos, Francana, União Barbarense, Olímpia... a lista é extensa. Há quem diga até hoje que o Bragantino será um dos eternos fregueses do Tricolor, enquanto que o Santo André ostenta a fama de “asa negra”.
Falar do Grêmio Sãocarlense sem citar as “peculiaridades administrativas” históricas do Lobão é esquecer uma parte até certo ponto “folclórica” do esporte do interior paulista. Longe de querer apontar erros ou acertos de ex-dirigentes, prefiro relembrar o histórico ano de 1997, em que o Grêmio excursionou pela Europa substituindo o homônimo porto-alegrense no famoso Troféu Cecchi Gori, sucumbindo honrosamente ante Lazio (2 a 0) e Fiorentina (1 a 0). Até hoje, o clube tem a honra de ser o único clube não-europeu a disputar a competição, figurando num seleto rol de instituições que conta com nomes como Benfica e Barcelona. Além disso, a equipe disputou amistosos contra Burnley, Tranmere Rovers, Perugia, L’Aquila e a Seleção dos Emirados Árabes, obtendo um empate sem gols contra este último adversário.
A quem estiver disposto a relembrar outros fatos marcantes da história do Grêmio Sãocarlense, deixo aberto este espaço nos comentários. Além disso, materiais sobre a trajetória do clube (atualmente raros no meio virtual) podem ser enviados para o e-mail desta página, os quais certamente serão apreciados pelos amantes que escrevem e leem as postagens deste meio de comunicação. E, como última mensagem neste texto que busca, humildemente, relembrar os 38 anos de fundação do querido Lobo da Central, deixo os versos imortalizados por Cardoso Natal: “Grêmio, Grêmio, Grêmio: é o nosso grito de guerra. Você é a força mais viva que despontou nesta terra”.

Nota da redação: além da coluna dedicada ao Grêmio Esportivo Sãocarlense, o blogueiro João Victor Gonçalves fez um vídeo, com imagens coletadas da internet, para homenagear o clube de maior expressão da Cidade do Clima. Clique aqui e confira.

*João Victor Gonçalves é blogueiro do Globo Esporte (Futebol na Oceania), estudante de Medicina, tem 18 anos e é torcedor de São Carlos FC e Paulistinha. Sempre presente nas históricas arquibancadas do Luisão.

3 comentários:

  1. Emocionante, não peguei essa trajetória fantástica mas sou gremista graças ao meu pai, fanático que mesmo não estando no luisão ficava ouvindo rádio e me falando os lances. Parabéns pela reportagem. E que falem mais desse mito da cidade.

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  2. Parabéns, Genial matéria, em tempos onde cada dia mais o que faz parte da história é trocado pelo que faz sucesso no momento, é bom ser amigo de dois baita blogueiros como os que aqui estão, sucesso!

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  3. Tirando o jogo de 1979 ....os jogos de 1990 e 1992 contra o Corinthians...eu assisti todos...cresci vendo treinos e jogos no Luizão. Quando não tinha grana eu ia no segundo tempo. Muita saudades dessas épocas....GRÊEEEEMIOOOO

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