Escudo do Grêmio Sãocarlense, única equipe da Cidade do Clima que chegou na elite paulista (Foto: Gustavo Curvelo) |
Escrito por João Victor
Gonçalves*
Coca, Manduca, Norival, Zé Hélio,
Alemão, Donizeti, Maranhão, Dilo, Jabu, César e Nogueira. Esses onze nomes
entraram para a história do futebol de São Carlos quando, no dia 19 de março de
1976, entraram em campo para o primeiro jogo da história do Grêmio Esportivo
Sãocarlense. Neste espaço, hoje, terei como missão a tarefa de relembrar os
momentos de glória, luta, entrega, triunfos, dificuldades e reveses do eterno
Lobo da Central, clube que se consolidou como o maior expoente do futebol local
e uma das instituições mais respeitadas do interior do estado de São Paulo.
Desde o início de sua trajetória,
o Grêmio provou seu verdadeiro caráter popular. Contando com a ajuda de fiéis
colaboradores, manteve suas atividades de modo ininterrupto por 28 anos,
disputando campeonatos profissionais da Federação Paulista e Confederação
Brasileira de Futebol. Porém, mais do que a manutenção das atividades, a grande
evidência do carinho que a torcida tinha com a equipe eram os públicos
recordistas a cada tarde de futebol no Luisão. Públicos que renderiam à fama de
caldeirão ao estádio e recordes de renda entre as agremiações interioranas.
Os números provam o carinho do
povo com o Grêmio: algo impensável para os padrões de segurança atuais, mais de
23 mil pessoas lotaram o modesto Luisão em 24 de Junho de 1979 para ver o duelo
amistoso entre Sãocarlense e Corinthians; 11 anos mais tarde, quase 15 mil
pessoas viram os gols de Manguinha, que garantiram uma histórica vitória ao
Lobão e a quebra de uma invencibilidade de 34 jogos da equipe de Parque São
Jorge. Em 1992, mais de 13 mil pessoas viram o Grêmio perder ante o futuro
campeão mundial São Paulo pelo Paulistão.
Além dos dados estatísticos,
frios, as lembranças, vivas no olhar e na fala de cada torcedor gremista,
mostram que o sentimento de identidade e admiração para com o Grêmio é eterno.
Qual frequentador do Luisão com mais de 30 anos não se lembra da irritação de
Neto ao ser marcado pelo incansável Pinheirense nos confrontos entre
Sãocarlense e Corinthians? Ou, do histórico gol de Roberto Biônico contra o
União Barbarense, que garantiu o título da 2ª Divisão de 1989? Célebre partida
também foi a vivenciada por torcedores gremistas na cidade de Taquaritinga, em
uma das mais marcantes da trajetória do CAT no futebol interiorano, em meados
dos anos 80.
Na ponta da língua de cada
gremista, nomes históricos que honraram a camisa tricolor: Jabu, Élvio,
Silvano, Carlos Roberto, Paulo Leme, Manguinha, Zeti, Ditão, Braulio, Narezzi,
Ivan, Édson Abobrão, Antonioni, Toninho Paraná, Marco Antonio, Carlos Alberto
Borges, Serginho Brasília, Darcy, Pinheirense, Heraldo, China e tantos outros
jogadores que, pelo limite de espaço e pelas falhas da memória, não serão
citados individualmente neste breve texto.
Fora das quatro linhas, na
direção técnica da equipe, vários comandantes merecem destaque por seus feitos
à frente do quadro tricolor: Chico Ponzio, Orlando Bianchini, Pinho, Varlei de
Carvalho, Vágner Benazzi (líder do histórico Grêmio campeão estadual de 1989),
Geninho, Tonho, Zé Duarte, Darcy, Luís Pereira, Hélio dos Anjos, entre outros.
Sejam pelas glórias dos acessos ou pelo alívio das manutenções, estes
profissionais não podem ser esquecidos.
Também merecem destaque os
históricos adversários do Grêmio dentro das quatro linhas. Desde sua origem, o
saudoso Estrela da Bela Vista colocou-se como o primeiro e único rival
municipal do GES em sua história, protagonizando ótimos duelos nos anos 70 e
80. A relativa proximidade geográfica também fez com que adversários regionais
se tornassem rivais clássicos do clube sãocarlense: XV de Jaú, Velo Clube,
Pirassununguense, Independente, Internacional, Comercial, Taquaritinga,
Barretos, Francana, União Barbarense, Olímpia... a lista é extensa. Há quem
diga até hoje que o Bragantino será um dos eternos fregueses do Tricolor,
enquanto que o Santo André ostenta a fama de “asa negra”.
Falar do Grêmio Sãocarlense sem
citar as “peculiaridades administrativas” históricas do Lobão é esquecer uma
parte até certo ponto “folclórica” do esporte do interior paulista. Longe de
querer apontar erros ou acertos de ex-dirigentes, prefiro relembrar o histórico
ano de 1997, em que o Grêmio excursionou pela Europa substituindo o homônimo
porto-alegrense no famoso Troféu Cecchi Gori, sucumbindo honrosamente ante
Lazio (2 a 0) e Fiorentina (1 a 0). Até hoje, o clube tem a honra de ser o
único clube não-europeu a disputar a competição, figurando num seleto rol de
instituições que conta com nomes como Benfica e Barcelona. Além disso, a equipe
disputou amistosos contra Burnley, Tranmere Rovers, Perugia, L’Aquila e a
Seleção dos Emirados Árabes, obtendo um empate sem gols contra este último
adversário.
A quem estiver disposto a
relembrar outros fatos marcantes da história do Grêmio Sãocarlense, deixo
aberto este espaço nos comentários. Além disso, materiais sobre a trajetória do
clube (atualmente raros no meio virtual) podem ser enviados para o e-mail desta
página, os quais certamente serão apreciados pelos amantes que escrevem e leem
as postagens deste meio de comunicação. E, como última mensagem neste texto que
busca, humildemente, relembrar os 38 anos de fundação do querido Lobo da
Central, deixo os versos imortalizados por Cardoso Natal: “Grêmio, Grêmio,
Grêmio: é o nosso grito de guerra. Você é a força mais viva que despontou nesta
terra”.
Nota da redação: além da coluna
dedicada ao Grêmio Esportivo Sãocarlense, o blogueiro João Victor Gonçalves
fez um vídeo, com imagens coletadas da internet, para homenagear o clube de maior
expressão da Cidade do Clima. Clique aqui e confira.
*João Victor Gonçalves é blogueiro do Globo Esporte (Futebol na Oceania), estudante de Medicina, tem 18 anos e é torcedor de São Carlos FC e Paulistinha. Sempre presente nas históricas arquibancadas do Luisão.
*João Victor Gonçalves é blogueiro do Globo Esporte (Futebol na Oceania), estudante de Medicina, tem 18 anos e é torcedor de São Carlos FC e Paulistinha. Sempre presente nas históricas arquibancadas do Luisão.
Emocionante, não peguei essa trajetória fantástica mas sou gremista graças ao meu pai, fanático que mesmo não estando no luisão ficava ouvindo rádio e me falando os lances. Parabéns pela reportagem. E que falem mais desse mito da cidade.
ResponderExcluirParabéns, Genial matéria, em tempos onde cada dia mais o que faz parte da história é trocado pelo que faz sucesso no momento, é bom ser amigo de dois baita blogueiros como os que aqui estão, sucesso!
ResponderExcluirTirando o jogo de 1979 ....os jogos de 1990 e 1992 contra o Corinthians...eu assisti todos...cresci vendo treinos e jogos no Luizão. Quando não tinha grana eu ia no segundo tempo. Muita saudades dessas épocas....GRÊEEEEMIOOOO
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