terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

OPINIÃO: Uma despedida com "chave-de-lata"

João Victor: "Menos mal que a saída de R. Oliveira tenha se dado já na terceira rodada" (Foto: Flickr/Crystian Cruz)
Escrito por João Victor Gonçalves*

Não foi dessa vez que Roberto Oliveira conseguiu a realização de mais um projeto profissional: após 15 jogos e míseros 14 pontos conquistados, o tão apregoado “campeão tocantinense” deixou a Águia na Série A3 sem um padrão tático, numa colocação perigosa e com acusações de “conspirações internas”. Menos mal que sua saída tenha se dado já na terceira rodada da competição.
Não é segredo para ninguém a desorganização tática mostrada pelo São Carlos nas três partidas disputadas na A3, a qual é continuação do futebol apático exibido na última edição da Copa Paulista. A gota d’água para torcida e diretoria foi a atuação contra o Noroeste. Os minutos iniciais, porém, pareciam indicar um destino feliz para a pequena torcida são-carlense que compareceu ao Luisão: contando com um bom centro-avante de referência, Fábio Luís, e com as jogadas de meia-cancha articuladas por Galiardo e Meirellis, a Águia envolveu o Noroeste, chegando ao primeiro gol sem maiores dificuldades e tendo chances para aumentar o placar.
Porém, já na metade da primeira etapa, era vista a desorganização defensiva do São Carlos: aproveitando-se dos contra-ataques, o Noroeste encontrava a dupla de zaga desprotegida ou, em alguns casos, uma inconsequente “linha de 3 zagueiros” com o recuo de Raniel. Com evidentes dificuldades na marcação (principalmente por parte de Alexandre), o São Carlos sofreu a virada em lances infantis: no primeiro, o pequenino Zé Rony sequer saiu do chão para, livre de marcação, marcar de cabeça, numa falha bisonha dos defensores; pouco depois, Luiz Azevedo avançou frente a cinco jogadores do São Carlos e, não sofrendo o combate de nenhum deles (que sequer se esforçaram para interromper a trajetória da bola), bateu Filippi com um forte chute colocado.
Após a completa desorganização tática defensiva verificada após a abertura de contagem, esperava-se uma postura consciente de Roberto Oliveira no intervalo; porém, a substituição de Meirellis, um dos melhores jogadores do isento sistema de armação da equipe na primeira etapa, irritou ainda mais a torcida. Na base do “bumba-meu-boi”, a equipe até chegou ao empate, contando com a fragilidade técnica do Noroeste, que possui um elenco digno da Série B, e com o talento e oportunismo de Fábio Luís. Mais um resultado negativo contra uma equipe taticamente inferior, mais dois pontos perdidos. Justificativas para a dispensa de Roberto Oliveira eram enumeradas por cada um dos valentes 246 pagantes que foram ao Luisão.
Porém, a “chave de lata” da despedida de Roberto Oliveira foi sua última declaração como treinador à imprensa local, falando sobre supostos “resquícios” da antiga diretoria na gestão atual, que estariam formando uma espécie de “complô” contra a atual administração. Sem dar nomes aos bois e não conhecendo os esforços feitos pelos antigos diretores para a manutenção do São Carlos FC no profissionalismo, a declaração de Oliveira soa como um “blefe”, uma inadmissível transferência de responsabilidades após o evidente fracasso.
Com a sinceridade que me cabe, desejo sorte a Roberto em sua próxima empreitada; creio que, a nível pessoal, sua passagem pelo São Carlos possibilitará vários momentos de reciclagem, tanto no campo tático quanto no dos relacionamentos pessoais.
Sem o velho “cacique”, a responsabilidade dos atletas pela conquista de bons resultados aumenta ainda mais. Oliveira não pode ser usado como bode expiatório, já que sua parcela de culpa nas atuações negativas da equipe é uma fração equivalente à de cada jogador do elenco. Não sei se é excesso de otimismo de minha parte, mas, apesar dos resultados frustrantes nas primeiras rodadas, vejo o elenco do São Carlos FC com um nível técnico superior ao de boa parte de seus rivais na A3, sendo um dos favoritos à conquista da classificação. Não que isso, após míseros dois pontos somados, seja uma constatação de uma elevadíssima qualidade do plantel; na prática, evidencia a decadência das equipes da divisão.

*João Victor Gonçalves é blogueiro do Globo Esporte (Futebol na Oceania), estudante de Medicina, tem 18 anos e é  torcedor de São Carlos FC e Paulistinha. Sempre presente nas históricas arquibancadas do Luisão

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