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João Victor: "Menos mal que a saída de R. Oliveira tenha se dado já na terceira rodada" (Foto: Flickr/Crystian Cruz) |
Escrito por João Victor
Gonçalves*
Não foi dessa vez que Roberto
Oliveira conseguiu a realização de mais um projeto profissional: após 15 jogos e
míseros 14 pontos conquistados, o tão apregoado “campeão tocantinense” deixou a
Águia na Série A3 sem um padrão tático, numa colocação perigosa e com acusações
de “conspirações internas”. Menos mal que sua saída tenha se dado já na
terceira rodada da competição.
Não é segredo para ninguém a
desorganização tática mostrada pelo São Carlos nas três partidas disputadas na
A3, a qual é continuação do futebol apático exibido na última edição da Copa
Paulista. A gota d’água para torcida e diretoria foi a atuação contra o
Noroeste. Os minutos iniciais, porém, pareciam indicar um destino feliz para a
pequena torcida são-carlense que compareceu ao Luisão: contando com um bom
centro-avante de referência, Fábio Luís, e com as jogadas de meia-cancha
articuladas por Galiardo e Meirellis, a Águia envolveu o Noroeste, chegando ao
primeiro gol sem maiores dificuldades e tendo chances para aumentar o placar.
Porém, já na metade da primeira
etapa, era vista a desorganização defensiva do São Carlos: aproveitando-se dos
contra-ataques, o Noroeste encontrava a dupla de zaga desprotegida ou, em
alguns casos, uma inconsequente “linha de 3 zagueiros” com o recuo de Raniel.
Com evidentes dificuldades na marcação (principalmente por parte de Alexandre),
o São Carlos sofreu a virada em lances infantis: no primeiro, o pequenino Zé
Rony sequer saiu do chão para, livre de marcação, marcar de cabeça, numa falha
bisonha dos defensores; pouco depois, Luiz Azevedo avançou frente a cinco jogadores
do São Carlos e, não sofrendo o combate de nenhum deles (que sequer se
esforçaram para interromper a trajetória da bola), bateu Filippi com um forte
chute colocado.
Após a completa desorganização
tática defensiva verificada após a abertura de contagem, esperava-se uma
postura consciente de Roberto Oliveira no intervalo; porém, a substituição de
Meirellis, um dos melhores jogadores do isento sistema de armação da equipe na
primeira etapa, irritou ainda mais a torcida. Na base do “bumba-meu-boi”, a
equipe até chegou ao empate, contando com a fragilidade técnica do Noroeste,
que possui um elenco digno da Série B, e com o talento e oportunismo de Fábio
Luís. Mais um resultado negativo contra uma equipe taticamente inferior, mais
dois pontos perdidos. Justificativas para a dispensa de Roberto Oliveira eram
enumeradas por cada um dos valentes 246 pagantes que foram ao Luisão.
Porém, a “chave de lata” da
despedida de Roberto Oliveira foi sua última declaração como treinador à
imprensa local, falando sobre supostos “resquícios” da antiga diretoria na
gestão atual, que estariam formando uma espécie de “complô” contra a atual administração.
Sem dar nomes aos bois e não conhecendo os esforços feitos pelos antigos
diretores para a manutenção do São Carlos FC no profissionalismo, a declaração
de Oliveira soa como um “blefe”, uma inadmissível transferência de
responsabilidades após o evidente fracasso.
Com a sinceridade que me cabe,
desejo sorte a Roberto em sua próxima empreitada; creio que, a nível pessoal,
sua passagem pelo São Carlos possibilitará vários momentos de reciclagem, tanto
no campo tático quanto no dos relacionamentos pessoais.
Sem o velho “cacique”, a
responsabilidade dos atletas pela conquista de bons resultados aumenta ainda
mais. Oliveira não pode ser usado como bode expiatório, já que sua parcela de
culpa nas atuações negativas da equipe é uma fração equivalente à de cada
jogador do elenco. Não sei se é excesso de otimismo de minha parte, mas, apesar
dos resultados frustrantes nas primeiras rodadas, vejo o elenco do São Carlos
FC com um nível técnico superior ao de boa parte de seus rivais na A3, sendo um
dos favoritos à conquista da classificação. Não que isso, após míseros dois
pontos somados, seja uma constatação de uma elevadíssima qualidade do plantel;
na prática, evidencia a decadência das equipes da divisão.
*João Victor Gonçalves é blogueiro do Globo Esporte (Futebol na Oceania), estudante de Medicina, tem 18 anos e é torcedor de São Carlos FC e Paulistinha. Sempre presente nas históricas arquibancadas do Luisão
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