Sérgio Piovesan foi um dos principais responsáveis pela
histórica trajetória do Grêmio Sãocarlense (Foto: Saulo Marino)
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Escrito por Gustavo Curvelo
Ex- Diretor de Marketing e
Propaganda do São Carlos Clube e presidente do Conselho Deliberativo do Grêmio
Esportivo Sãocarlense com maior longevidade: este é Sérgio Antônio Piovesan, um
dos maiores nomes da história do futebol sãocarlense. Com exclusividade para o
Futebol de São Carlos, o empresário contou histórias de sua experiência como cartola, relembrou momentos marcantes e afirmou: "Falo do Grêmio como se fosse meu filho."
Atualmente com 69 anos e detentor
de três acessos em sua vitoriosa trajetória futebolística, Sérgio Piovesan
iniciou sua carreira como Diretor de Marketing e Propaganda do São Carlos Clube
em 1965. Pela equipe, o mandatário participou da campanha vitoriosa que
culminou no acesso em 1966 para a segunda divisão paulista, onde o clube ficou
durante quatro anos, até retirar-se do futebol profissional.
“Quando subimos da terceira para
a segunda divisão paulista, João Mendonça Falcão era o presidente da Federação
Paulista de Futebol, e algumas pessoas do São Carlos Clube trabalharam para ele
em troca de alguns benefícios”, declara Piovesan. O cartola se lembra com
carinho de uma peculiaridade que não vemos mais no futebol moderno. “Tínhamos
um time quase fixo. Entrava e saía ano e era um bom número de jogadores que
permaneciam no elenco”.
Quando saiu do SCC, Piovesan
ficou alguns anos inativo do futebol, retornando apenas em 1976, quando o
extinto Madrugada Esporte Clube convidou o Corinthians para um amistoso em São
Carlos - que teve o clube paulistano como vencedor pela contagem de 2 a 0. “Na
verdade não participei do jogo que o Madrugada trouxe o Corinthians para a
cidade, mas o estádio estava lotado. Em razão disso, pensou-se em montar um
clube, e acabou em 1976 sendo criado o Grêmio [Esportivo Sãocarlense], o qual
eu participei da formação e, ao lado do Careca, fui um dos poucos que permaneceram
por quase sempre no clube”, afirma o empresário, atualmente proprietário de uma
tradicional loja de discos e mídia no Centro de São Carlos.
Nessa nova etapa as dificuldades
eram evidentes e o trabalho poderia não dar certo. Ainda na criação, o primeiro
problema, o nome do clube: a agremiação inicialmente seria chamada de
Associação Atlética São Carlos, mas já havia um clube com este nome, que pediu
um valor em dinheiro para ceder o mesmo. “Optamos que não pagaríamos e surgiu o
Grêmio. Pensamos em colocar as cores azul e branco de São Carlos, e alguém
falou que tinha que ter o vermelho por causa da raça”, relatou o cartola.
Questionado sobre o sucesso do
clube logo nos primeiros anos, Piovesan revelou mais uma curiosidade sobre a
fundação do clube de maior tradição na cidade do clima. “Luís Paulilo era o
presidente, ele acertou em comprar uma Kombi e pintar com as cores do Grêmio
para divulgar o novo time de futebol profissional da cidade, mas não tínhamos nem
onde treinar. Um dia era no Paulistinha, outro na UFSCar, outro na Chácara das
Paineiras”, explica.
Ao todo foram 28 anos de
atividade. O clube deslanchou em 1989, 13 anos após sua fundação, quando subiu
para a Segunda Divisão do futebol paulista - o primeiro acesso de sua história.
Embalado, o time sãocarlense alcançou outro acesso já no ano seguinte, chegando
à elite estadual após o terceiro lugar obtido em 1990. Na primeira divisão,
permaneceu por três anos, antes de ser rebaixado de maneira polêmica quatro
meses após o fim da competição – com o objetivo de enxugar o torneio, que
contava com 30 clubes, a FPF (Federação Paulista de Futebol) resolveu rebaixar
14 clubes, entre eles o Grêmio, que tinha ficado em décimo quinto na
classificação geral , a frente de equipes como Ponte Preta, Portuguesa, e
Botafogo de Ribeirão Preto, que não foram rebaixadas.
Em 1997, o time foi à Itália
disputar o Torneio de Firenze, campeonato internacional que permanece na
memória de Piovesan com um dos principais feitos do clube. “Jogamos o Torneio
de Firenze, onde éramos o único time não europeu; era um torneio tão
tradicional quanto o Troféu de Carranza na Espanha, e jogávamos de igual para
igual com equipes como Lazio e Fiorentina. Algumas pessoas mal informadas disseram
que fomos com o nome do Grêmio de Porto Alegre, mas isso é mentira”, assegura.
Nos anos 1990, após ser derrubado
no tapetão, o Grêmio Sãocarlense manteve-se como um time regular na segunda
divisão do estadual, mas entrou em decadência no início dos anos 2000, acumulando dois descensos seguidos e pediu afastamento à FPF em 2004, e sendo oficialmente
extinto em 2005.
O futebol hoje na cidade
Sobre os clubes locais, quando questionado
sobre a possibilidade das equipes prosperarem, Piovesan transparece a
rivalidade com o São Carlos e enaltece a relação amistosa com o Paulistinha.
“O Paulistinha tem tradição e não
tem nada contra o Grêmio, porque até treinar no campo deles nós treinamos.
Agora, sobre o São Carlos, alguns dizem ‘ah!, não tem nada’, mas da minha parte
tem problema sim! O São Carlos foi um time montado, um time empresa, pra ganhar
dinheiro, e o torcedor não é bobo. Como pode montar um negócio querendo ganhar
dinheiro e ainda querer apoio do poder público? Se houver possibilidade disso,
também quero montar um time da minha loja de discos e pedir dinheiro para a
prefeitura”, dispara.
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