quarta-feira, 13 de novembro de 2013

NA MEMÓRIA: Piovesan alfineta a Águia e relembra histórias: 'Falo do Grêmio como se fosse meu filho'

Sérgio Piovesan foi um dos principais responsáveis pela histórica trajetória do Grêmio Sãocarlense (Foto: Saulo Marino)

Escrito por Gustavo Curvelo

Ex- Diretor de Marketing e Propaganda do São Carlos Clube e presidente do Conselho Deliberativo do Grêmio Esportivo Sãocarlense com maior longevidade: este é Sérgio Antônio Piovesan, um dos maiores nomes da história do futebol sãocarlense. Com exclusividade para o Futebol de São Carlos, o empresário contou histórias de sua experiência como cartola, relembrou momentos marcantes e afirmou: "Falo do Grêmio como se fosse meu filho."
Atualmente com 69 anos e detentor de três acessos em sua vitoriosa trajetória futebolística, Sérgio Piovesan iniciou sua carreira como Diretor de Marketing e Propaganda do São Carlos Clube em 1965. Pela equipe, o mandatário participou da campanha vitoriosa que culminou no acesso em 1966 para a segunda divisão paulista, onde o clube ficou durante quatro anos, até retirar-se do futebol profissional.
“Quando subimos da terceira para a segunda divisão paulista, João Mendonça Falcão era o presidente da Federação Paulista de Futebol, e algumas pessoas do São Carlos Clube trabalharam para ele em troca de alguns benefícios”, declara Piovesan. O cartola se lembra com carinho de uma peculiaridade que não vemos mais no futebol moderno. “Tínhamos um time quase fixo. Entrava e saía ano e era um bom número de jogadores que permaneciam no elenco”.
Quando saiu do SCC, Piovesan ficou alguns anos inativo do futebol, retornando apenas em 1976, quando o extinto Madrugada Esporte Clube convidou o Corinthians para um amistoso em São Carlos - que teve o clube paulistano como vencedor pela contagem de 2 a 0. “Na verdade não participei do jogo que o Madrugada trouxe o Corinthians para a cidade, mas o estádio estava lotado. Em razão disso, pensou-se em montar um clube, e acabou em 1976 sendo criado o Grêmio [Esportivo Sãocarlense], o qual eu participei da formação e, ao lado do Careca, fui um dos poucos que permaneceram por quase sempre no clube”, afirma o empresário, atualmente proprietário de uma tradicional loja de discos e mídia no Centro de São Carlos.
Nessa nova etapa as dificuldades eram evidentes e o trabalho poderia não dar certo. Ainda na criação, o primeiro problema, o nome do clube: a agremiação inicialmente seria chamada de Associação Atlética São Carlos, mas já havia um clube com este nome, que pediu um valor em dinheiro para ceder o mesmo. “Optamos que não pagaríamos e surgiu o Grêmio. Pensamos em colocar as cores azul e branco de São Carlos, e alguém falou que tinha que ter o vermelho por causa da raça”, relatou o cartola.
Questionado sobre o sucesso do clube logo nos primeiros anos, Piovesan revelou mais uma curiosidade sobre a fundação do clube de maior tradição na cidade do clima. “Luís Paulilo era o presidente, ele acertou em comprar uma Kombi e pintar com as cores do Grêmio para divulgar o novo time de futebol profissional da cidade, mas não tínhamos nem onde treinar. Um dia era no Paulistinha, outro na UFSCar, outro na Chácara das Paineiras”, explica.
Ao todo foram 28 anos de atividade. O clube deslanchou em 1989, 13 anos após sua fundação, quando subiu para a Segunda Divisão do futebol paulista - o primeiro acesso de sua história. Embalado, o time sãocarlense alcançou outro acesso já no ano seguinte, chegando à elite estadual após o terceiro lugar obtido em 1990. Na primeira divisão, permaneceu por três anos, antes de ser rebaixado de maneira polêmica quatro meses após o fim da competição – com o objetivo de enxugar o torneio, que contava com 30 clubes, a FPF (Federação Paulista de Futebol) resolveu rebaixar 14 clubes, entre eles o Grêmio, que tinha ficado em décimo quinto na classificação geral , a frente de equipes como Ponte Preta, Portuguesa, e Botafogo de Ribeirão Preto, que não foram rebaixadas.
Em 1997, o time foi à Itália disputar o Torneio de Firenze, campeonato internacional que permanece na memória de Piovesan com um dos principais feitos do clube. “Jogamos o Torneio de Firenze, onde éramos o único time não europeu; era um torneio tão tradicional quanto o Troféu de Carranza na Espanha, e jogávamos de igual para igual com equipes como Lazio e Fiorentina. Algumas pessoas mal informadas disseram que fomos com o nome do Grêmio de Porto Alegre, mas isso é mentira”, assegura.
Nos anos 1990, após ser derrubado no tapetão, o Grêmio Sãocarlense manteve-se como um time regular na segunda divisão do estadual, mas entrou em decadência no início dos anos 2000, acumulando dois descensos seguidos e pediu afastamento à FPF em 2004, e sendo oficialmente extinto em 2005.

O futebol hoje na cidade
Sobre os clubes locais, quando questionado sobre a possibilidade das equipes prosperarem, Piovesan transparece a rivalidade com o São Carlos e enaltece a relação amistosa com o Paulistinha.
“O Paulistinha tem tradição e não tem nada contra o Grêmio, porque até treinar no campo deles nós treinamos. Agora, sobre o São Carlos, alguns dizem ‘ah!, não tem nada’, mas da minha parte tem problema sim! O São Carlos foi um time montado, um time empresa, pra ganhar dinheiro, e o torcedor não é bobo. Como pode montar um negócio querendo ganhar dinheiro e ainda querer apoio do poder público? Se houver possibilidade disso, também quero montar um time da minha loja de discos e pedir dinheiro para a prefeitura”, dispara.

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