quinta-feira, 17 de outubro de 2013

OPINIÃO: Para que as férias sejam apenas temporárias

Atletas comemoram gol, momento máximo do futebol. Diversos jogos foram disputados na cidade em 2013 (Foto: Saulo Marino)
Escrito por João Victor Gonçalves*

Profissionalmente, a temporada 2013 do futebol são-carlense está encerrada. Com o rebaixamento para a Série A2 e a fraca campanha da Águia na Copa Paulista, o “quase” acesso do Paulistinha à Série A3, além da desclassificação das equipes de base nos estaduais de suas respectivas categorias (Paulistinha Sub15 e Sub17, além do São Carlos Sub20), o ano pode não ser classificado como glorioso para nossa terra, mas também não foi dos piores.
É inegável que uma grande quantidade de jogos pôde ser vista no Luisão neste ano, para delírio dos amantes do futebol de nossa cidade. Arrancando gritos de raiva ou felicidade de cada torcedor, proporcionando o sustento a cada vendedor ambulante e alegrando as tardes de sábado e manhãs de domingo na Cidade do Clima, o futebol cumpriu seu papel social no município, comprovando sua capacidade de ser uma fonte de lazer para toda a população.
O intervalo que ocorre entre o fim do Campeonato Paulista da Segunda Divisão e o início da Copa São Paulo de Futebol Jr. deixa o torcedor são-carlense na expectativa para a próxima temporada; além de proporciona uma reflexão: o que seria de São Carlos sem o futebol?
Muitas cidades do nosso interior não contam com a alegria de possuir um time profissional representando-as nos campeonatos organizados pela FPF. A vaga para tal condição, diversas vezes, é motivo de disputa financeira entre municípios, como pudemos ver recentemente nos casos das fracassadas transferências de equipes para Presidente Prudente e Americana. Apesar de não serem bem-sucedidas, essas mudanças servem para nos alertar sobre as condições oferecidas por São Carlos até aqui para seus clubes profissionais.
Estruturalmente, o Estádio Municipal Prof. Luís Augusto de Oliveira, templo do futebol da nossa cidade, está entregue às traças: problemas na cobertura, cabines de imprensa pequenas e dominadas pelas pombas (habitantes mais famosas do local), arquibancadas sem pintura, com rachaduras, banheiros deficitários...
Para ser exato, entraremos no 13º ano seguido de “abandono” do principal recinto esportivo do município (mais utilizado que o tão afamado Ginásio Milton Olaio Filho, no qual a presença de equipes locais é rara – para não dizer que nunca ocorrem). Enquanto alguns “sonhadores” pensam na possibilidade de venda do Luisão e construção de um novo estádio, eu, como cidadão e eleitor, ficaria muito satisfeito com uma simples reforma, que deixasse esse patrimônio são-carlense numa condição, ao menos, decente.
Financeiramente, o aporte do município para suas equipes é irrisório, haja vista ao potencial econômico do município. Empresas multinacionais instaladas aqui se dão ao luxo de não apoiar nenhuma prática esportiva na cidade, sem que haja qualquer tipo de pressão ou incentivo do Poder Público Municipal. O esporte são-carlense não recebe de presente sequer um lápis, uma toalha, um compressor, uma geladeira, um automóvel...
Questões como a possibilidade de construção de um CT para o São Carlos FC e o incentivo fiscal ao Paulistinha não entrarão no mérito desta coluna. A parada temporária do futebol são-carlense serve de lição para que saibamos valorizar nossas equipes; o torcedor local, por sinal, muitas vezes não faz sua parte: as médias de públicos durante a temporada foram irrisórias, não condizendo, principalmente, com o nível do campeonato disputado pelo São Carlos FC (Série A2) e a campanha feita pelo Paulistinha na Segundona (que chegou à Fase Final).
Quem sabe o sentimento vivenciado nestas férias não seja um alerta para maiores ações por parte da cidade como um todo, evitando assim que esse período não seja apenas “temporário”...

*João Victor Gonçalves é blogueiro do Globo Esporte (Futebol na Oceania), estudante de Medicina, tem 18 anos e é  torcedor de São Carlos FC e Paulistinha. Sempre presente nas históricas arquibancadas do Luisão.

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