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Colecionar figurinhas da Copa também é coisa de adulto (Foto: Divulgação/Panini) |
Escrito por João Victor
Gonçalves*
Uma paixão tomou conta da cidade
nas últimas semanas. Uma paixão diretamente ligada ao futebol, que une
diferentes gerações e propaga valores importantes: a troca de figurinhas do
famoso “Álbum Oficial da Copa do Mundo de 2014”.
O primeiro mito quebrado por este
fenômeno de vendas é o de que a paixão se restringe ao público jovem/masculino.
Ledo engano. No principal ponto de trocas da cidade, a Praça da XV, o público é
variado, não sendo surpresa para ninguém encontrar garotas conferindo as
figurinhas restantes em aplicativos ou senhoras com mais de 50 anos trocando
seus cromos (algumas ainda utilizando a famosa justificativa: “são para meu
netinho”).
Mas o que mais chama a atenção
neste “mundo de trocas” é a redescoberta de valores, principalmente pelos mais
jovens. A interação proporcionada entre os pequenos e os mais experientes, num
mundo em que a comunicação é cada vez mais restrita e dependente de novas
tecnologias, é fundamental e proveitosa. Além disso, merece destaque a questão
da honestidade: na grande maioria das ocasiões, as trocas ocorrem na base do
“uma por uma”, sem distinção de escudos, jogadores etc.
Porém, sempre há situações que
merecem nossa repreensão. A principal delas é a protagonizada por “traficantes
de figurinhas”, que vendem separadamente cromos a preços abusivos, com um
acréscimo de até 400% no preço original unitário (R$ 0,20). Exemplarmente, a
grande maioria dos fãs não alenta a ação destas pessoas, que certamente sairão
com um prejuízo proporcional aos montes de figurinhas que estão acumulando.
Um caso que me comoveu foi a
alegria de um vendedor numa banca de jornal, dizendo que uma garotinha havia
devolvido um pacotinho que foi “a mais” durante sua compra. Por mais rotineira
que essa situação possa parecer, deixou entre os que estavam presentes no local
certo sentimento de “honestidade” (algo que já podemos tachar como raro numa
sociedade cuja obtenção de vantagem por quaisquer meio é aclamada).
Por mais entusiasta que eu possa
parecer neste espaço, vendo valores num ato tão simples quanto colecionar
figurinhas, sempre há os “revolucionários” ou “corretos” de plantão que julgam
o ato da compra do álbum e do gasto financeiro com os cromos. Julgam por
julgar, pelo fútil prazer de conseguir destaque frente outros com uma visão de
mundo reduzida ao ponto de qualificar as paixões dos outros (o que, nestes
tempos modernos, vem na forma de curtidas e compartilhamentos). Como forma de
resistência, lembro-me da alegria em cada figurinha nova obtida, da surpresa em
cada escudo e, acima de tudo, da satisfação com a última figurinha!
*João Victor Gonçalves é blogueiro do Globo Esporte, estudante de Medicina, tem 18 anos e é torcedor de São Carlos FC e Paulistinha, além do extinto Grêmio. Sempre presente nas históricas arquibancadas do Luisão!
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